Sempre quando viajo para algum canto do planeta, desde o mais corriqueiro até o mais remoto lugar, tento arranjar programas relacionados à esportividade local. Creio que deva ser assim com todo bom apaixonado por esporte. No meu caso, é sagrado reservar algum momento para conhecer estádios de futebol. Tirar algumas fotos e explorar algum atrativo que ele eventualmente ofereça fazem parte do ritual. O maior prêmio é quando acabo dando sorte e assisto alguma partida.
Há alguns dias estive no Uruguai
e logicamente não faltou vontade de colocar o esporte no roteiro. Mesmo sem
estar hospedado em Montevideo, é imprescindível dar um jeito de conhecer a capital uruguaia. É nela que se encontram as melhores atrações futebolísticas, das quais destaco duas:
PALÁCIO CONTADOR GASTÓN GUELFI (PALÁCIO PEÑAROL):
Inaugurado em julho de 1955, o Palácio está localizado no bairro Cordón. A construção leva o nome de um ex-dirigente do Peñarol e é a sede administrativa deste time, que é o mais antigo e vitorioso do futebol uruguaio. Abriga reuniões, assembleias e eventos da diretoria e dos associados do clube, além de ser o núcleo da organização beneficente "Peñarol Solidario". Mas o que realmente interessa a turistas é o museu do clube aurinegro. Não tive o prazer de conhecê-lo, mas troféus, camisetas e imagens históricas não faltam. Também são vendidos produtos oficiais dos Carboneros.
O Palácio ainda hospeda o maior ginásio de basquete do Uruguai. Depois da demolição do Cilindro Municipal, em 2010, é nele que acontecem as principais partidas de "baloncesto" do país.
ESTÁDIO CENTENARIO:
PALÁCIO CONTADOR GASTÓN GUELFI (PALÁCIO PEÑAROL):
Inaugurado em julho de 1955, o Palácio está localizado no bairro Cordón. A construção leva o nome de um ex-dirigente do Peñarol e é a sede administrativa deste time, que é o mais antigo e vitorioso do futebol uruguaio. Abriga reuniões, assembleias e eventos da diretoria e dos associados do clube, além de ser o núcleo da organização beneficente "Peñarol Solidario". Mas o que realmente interessa a turistas é o museu do clube aurinegro. Não tive o prazer de conhecê-lo, mas troféus, camisetas e imagens históricas não faltam. Também são vendidos produtos oficiais dos Carboneros.
O Palácio ainda hospeda o maior ginásio de basquete do Uruguai. Depois da demolição do Cilindro Municipal, em 2010, é nele que acontecem as principais partidas de "baloncesto" do país.
ESTÁDIO CENTENARIO:
Localizado no bairro Parque
Batlle, o Estádio Centenario não é apenas uma opção de visita, é uma parada
obrigatória. E também é a grande razão deste post. Levando este nome em comemoração ao 100º Aniversário da Primeira
Constituição do Uruguai, o histórico estádio é um patrimônio cultural da
humanidade. E não é para menos: foi palco da primeira final de Copa do Mundo - Uruguai
4 x 2 Argentina, em 30 de julho de 1930.
O Centenario foi construído com a
intenção inicial de sediar todas as 18 partidas daquele Mundial, mas um atraso
nas obras fez com que outros dois estádios fossem "convocados" de emergência para
que os oito primeiros jogos pudessem acontecer. Desse modo, o Estádio Pocitos - que pertencia ao Peñarol e já foi demolido - acabou recebendo dois jogos, um
deles sendo “apenas” a primeira peleja da história das Copas: França 4 x 1
México. Já o Estádio Parque Central - pertencente ao Nacional e existente até
hoje - tratou de herdar outras seis partidas da primeira fase.
Retoques finais dados, o Centenario finalmente pôde estrear em 19 de julho de 1930, com Chile 1 x 0 França.
Retoques finais dados, o Centenario finalmente pôde estrear em 19 de julho de 1930, com Chile 1 x 0 França.
Nascia ali um templo sagrado do futebol.
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Pôster Oficial da Copa de 1930 |
Boa parte do passado do místico futebol uruguaio está materializado e reunido no Museu do Futebol do Estádio Centenario, inaugurado em 1975. Mesmo bem mais acanhado e bem menos moderno que seu homônimo do Pacaembu, o museu é
muito bacana e uma atração imperdível no interior do estádio. As relíquias variam
entre troféus, fotos, uniformes e documentos. Quase tudo nos transportam a
longínquas décadas. Até o senhor que trabalha na entrada do museu, o Seu Gerard, é uma relíquia, só que viva.
Mas nem tudo é antiguidade. O museu também é um reflexo do orgulho
que se tem da seleção uruguaia sob o comando do atual treinador Óscar Tabarez.
Jogadores como Diego Forlán, Luis Suárez, Diego Lugano e Loco Abreu viraram
ídolos eternos por resgatarem a essência, a alma e
o respeito que o futebol uruguaio parecia ter perdido. A boa campanha na Copa
da África do Sul 2010 e o título da Copa América 2011 coroaram o auge desta Celeste. E devolveram ao povo uruguaio o sabor do protagonismo.
Muitos livros, inclusive, foram
escritos em homenagem a esta seleção recente bem-sucedida. “Vamos que Vamos”,
por exemplo, é uma obra de sucesso da escritora uruguaia Ana Laura Lissardy. Ela traça o perfil dos jogadores convocados para a Copa de 2010 e dá um
depoimento emocionante sobre o efeito deste Mundial na população uruguaia.
Assim como o livro, o museu
não perde a oportunidade de fazer uma espécie de tributo a estes heróis do futebol uruguaio recente.
Parafraseando o escritor uruguaio Hugo Viglietti: “a ese puñado de
hombres que hicieron brillar el sol de Uruguay en Sudafrica”.
Separei abaixo os registros que julguei mais interessantes do Estádio Centenario e do museu:
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O ingresso dá direito de acesso às arquibancadas do Centenario. Mesmo vazio, é de arrepiar |
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Centenario por fora: carcaça cheia de desenhos e uma pracinha em seu entorno |
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Topo da arquibancada - Torre de los Homenajes, com o símbolo uruguaio ao fundo: o sol. Linda foto, não? |
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Tijolos à mostra: um charme deste estádio de 85 anos |
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Entrada do Museu do Futebol: abaixo das arquibancadas do Centenario |
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Primeiro andar do museu: Forlán, Maracanazzo e Suárez destacados no alto da parede |
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Outra reverência a Diego Forlán |
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Loco Abreu: muito amado pelo povo uruguaio, ele também tem
espaço no museu
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Caricatura de Paul McCartney: o ex-Beatle tocou no Centenario em 15 de abril de 2012 |
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Parede imensa com foto histórica do Maracanazzo |
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Pelé: como ignorá-lo em um museu de futebol? |
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Camisa 5 usada por Obdulio Varela no fatídico Maracanazzo |
Para quem ainda não teve o prazer de visitar o museu do estádio, trata-se de uma apaixonante viagem pela história. Recomendo!
85 anos depois da Copa de 1930, o Centenario é um dos poucos estádios no mundo que resistem firmemente à tentação do Padrão FIFA e às frescuras modernas tão presentes no futebol atualmente. Não sou dos mais ferrenhos opositores do futebol moderno, acho que cada um torce como bem quiser. Mas já não há mais dúvidas de que o futebol está ficando cada vez mais chato, mais politicamente correto e mais com cara de teatro.
O Centenario, entretanto, não parece
nenhum pouco disposto a abrir suas portas para essa nova onda de comportamento.
Nele, ainda pulsa uma forte atmosfera de paixão traduzida em festas de verdade. E estimulada por um futebol que é reconhecidamente jogado com muita raça como é o uruguaio. Os verdadeiros espetáculos à parte promovidos pelos hinchas
uruguaios, especialmente em clássicos e grandes jogos, são um tapa na cara das arenas modernas e dos torcedores mais coxinhas.
Torcida do Peñarol recebendo seus jogadores no Centenario, no primeiro jogo da final da Libertadores 2011 contra o Santos
Se não estiver conseguindo ver o vídeo, clique aqui.
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