quinta-feira, 16 de junho de 2016

PAIXÃO MOVE FUTEBOL DE BOTÃO NA REGIÃO DE CAMPINAS

Amigos se reúnem em clube do bairro Vila Nova, em Campinas,
para jogarem futebol de botão (Crédito/Gustavo Magnusson)














O futebol de botão, também conhecido como futebol de mesa, é uma tradição que permanece viva até os dias de hoje. Embora para muitos uma simples brincadeira, a modalidade conta com torneios oficiais no Brasil inteiro. No Estado de São Paulo, a federação de futebol de mesa possui 16 clubes ativos filiados.

Na região, um exemplo é o Clube do Botão de Campinas, sediado no bairro Vila Nova, próximo a Lagoa do Taquaral. O clube funciona junto a uma corporação musical e atualmente conta com cinco botonistas federados. Um deles é o diretor geral, Ricardo Nardy, membro fundador do clube 10 anos atrás.

Segundo Nardy, o que motivou a criação da associação foi a paixão pela modalidade, que vem desde o começo da década de 70: “Jogo futebol de botão desde que tenho 7 anos. A gente reunia os amigos e se divertia com o Estrelão, que era o nome da mesa produzida pela marca de brinquedos Estrela. A Revista Placar também trazia símbolos para a gente recortar e colar no botão. Era uma época em que o Brasil tinha grandes craques e ídolos, diferente do que acontece hoje”.

O Clube do Botão promove torneios internos abertos ao público todas as quartas-feiras, a partir das 19h30. Para quem se interessar em competir oficialmente pela instituição, basta se associar e contribuir com uma mensalidade de 20 reais. 

Americana é outra cidade da região que conta com um clube filiado à Federação Paulista de Futebol de Mesa: o Flamengo de Americana. 

Antonio Carlos Sammartino, 50, é sexto colocado no ranking estadual de masters (composto por botonistas acima de 45 anos) e disputa torneios oficiais pela equipe. No mês de maio, ele participou do Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa, em Botucatu.

“É somente a paixão pelo botão que me leva a jogar torneios oficiais, porque não ganhamos nada com isso. Pelo contrário, a gente tem que bancar viagem, hotel, alimentação e taxa de inscrição”, explica Sammartino.

Mesmo assim, segundo ele, a organização do futebol de botão cresceu bastante no Brasil nas últimas décadas, principalmente com a padronização de bolinhas, traves e mesas. A preocupação, no entanto, é com o futuro da modalidade, ameaçada pela tecnologia.

“O videogame e o computador são muito imediatistas, dependem muito mais de raciocínio rápido do que de estratégia. É raro encontrar uma criança que goste de jogar botão hoje em dia, porque ela vai achar um negócio lento e monótono”, lamenta Antonio Sammartino. 

Antonio Sammartino (à esquerda) é botonista federado há 31 anos
(Crédito/Gustavo Magnusson)














Para Ricardo Nardy, o esporte corre o risco de deixar de existir a médio e longo prazo: “A tecnologia veio para ajudar, mas atrapalha nessa parte lúdica da coisa. Se não houver incentivo, o futebol de botão corre o risco de entrar em extinção”.

SAIBA MAIS: 
O futebol de mesa é jogado em cinco modalidades. No Estado de São Paulo, é usada a Regra 12 Toques:
Tempo de Jogo: 2 tempos de 10 minutos
Número de Toques: 12 coletivos e 3 individuais, no máximo
Campo: 1,8 x 1,2 m
Botões: 3,5 a 6 cm (diâmetro)
Bola: esfera de feltro de 1 cm (diâmetro)
Traves: 12,5 x 5 cm
Goleiro: 8 x 3,5 cm

HISTÓRIA:
Autor do primeiro livro de regras oficiais em 1930, o músico e publicitário campineiro Geraldo Cardoso Décourt é considerado o pai do futebol de botão no Brasil. Há 15 anos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, proclamou a data de nascimento de Décourt, 14 de fevereiro, como o Dia do Botonista. Além disso, desde 1988 o futebol de botão é reconhecido oficialmente como uma modalidade esportiva. 

E no próximo post, você vai descobrir que futebol de botão também é coisa para fãs de rock. Não perca! 

*Por Gustavo Magnusson

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